sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A INTERNAÇÃO

Saí da ala de observação por volta das 20:30h. Ainda não tinha visto a Maria Eduarda (fora no momento do nascimento às 16:46) e não sabia como ela estava, tava muito preocupada com ela, com o Rodrigo, com meus pais...
Fui levada de maca para o quarto e só a minha mãe ainda estava no hospital, o resto da família havia sido convidado a voltar somente no outro dia em horário de visita, inclusive o . Minha mãe deu um jeito de burlar a segurança pra ficar ao meu lado, já que o SUS não dá direito a acompanhantes e passou a noite sentada em uma cadeira dura de madeira ao meu lado. O foi pra casa da minha tia que fez o possível pra levantar o ânimo dele, o abatimento e a preocupação dele eram explícitos.
Não consegui pregar o olho durante a noite, sentia muita dor e não conseguia me levantar pra ver a Maria. Minha mãe ia de hora em hora vê-la na UTI, mas eu queria estar com ela, ver direito o rostinho dela, colocá-la no meu colo pra que ela sentisse que eu estava ali. Ao mesmo tempo eu tive muito medo de vê-la e começar a chorar na frente dela, sentia muita culpa por ela ter tido Artrogripose e nem sabia direito do que se tratava essa síndrome, a maioria dos médicos também não sabia. Tive medo do que nos esperava...
Passei a noite toda pensando, tentando parar de pensar, mas em momento algum consegui chorar. "Aparentemente" eu estava muito forte.

Na manhã seguinte às 9 da manhã eu pedi pra tentar me levantar pra ver minha filha, tive muita tontura, fraqueza e dor mas depois de um banho consegui caminhar até a UTI neonatal. Queria ter ído muito antes, mas as enfermeiras diziam que eu só poderia ir caminhando e sem auxílio.


Quando cheguei na UTI e vi a Maria dormindo, cheia de fios e monitores me deu uma vontade muito grande de fica plantada ao ladinho dela até que ela pudesse sair dali. Fiquei só olhando meu anjinho dormir, até que veio uma enfermeira dizendo que eu poderia abrir a "incubadora"(não sei se era isso mesmo, afinal ela não era prematura). Agora sim, com minha filhota nos braços eu finalmente me sentia mãe e naquele momento tive a certeza de que nenhuma enfermeira no mundo cuidaria melhor da minha princesa do que eu.

Só deixaram o Rodrigo e meu pai entrarem às 4 da tarde, foi maravilhoso vê-los ali!!! Eu finalmente tinha o não só o apoio da minha família mas também a presença deles. O é de uma fé e um amor tão enormes que me fez sentir que seríamos capazes de fazer milagres pela nossa filha. Me senti segura e poderosa com ele por perto e ele tava com um brilho tão grande no olhar que me transmitiu a paz que eu estava tanto precisando naquele momento. Ficamos o tempo todo ao lado do nosso tesourinho e apesar de não ser da forma como esperávamos, era o nosso maior sonho se realizando! Daí deixamos por umas horas os problemas de lado e a felicidade por nossa filha estar com vida prevaleceu.
Passei mais uma noite em claro, eram muitas incertezas, mas eu tinha convicção de que a Maria não corria risco algum e só estava ali pra ser monitorada. Afinal a artrogripose era novidade até pros médicos. Continuei sem derramar uma lágrima, parecia muito forte e segura. Derrepente a cânula do meu soro entupiu e a enfermeira veio desentupir pra aplicar os medicamentos...era a dor física que eu tava precisando sentir pra poder desencadear o choro que eu estava segurando pela dor da alma. Chorei incessantemente de soluçar, ao ponto de não conseguir parar de chorar, não consegui controlar. Minha mãe chegou a pedir algum medicamento pra tentar me acalmar. Pensei no quanto a Maria precisava de mim e consegui secar as lágrimas depois de algum tempo.

No segundo dia veio um pediatra me dizer que minha filha não iria conseguir amamentar, mas que mesmo assim eu poderia ir lá tentar. Fui na hora até a UTI tentar e pra contrariar essa expectativa negativa a minha pequena heroína pegou o seio na primeira tentativa e mamou forte e muito por maravilhosos 20 minutos. Naquele momento eu comecei a recuperar toda a felicidade que me foi roubada na hora do parto.

Quando o médico veio dar a minha alta, fiquei desorientada. Como é que eu poderia ir pra casa e deixar minha boneca no hospital?Não me conformava com isso!!! Me despedacei por dentro e cogitei até a possibilidade de dar um jeito de me internar denovo pra poder ficar 24h perto da Maria. Fui pra casa de uma tia que morava mais perto do hospital, mas mesmo assim meu coração não conseguiu ter sossego. Eu passava as noites em claro tirando leite pra levar pra ela na manhã seguinte e frustrada por meus seios estarem jorrando leite e minha filhota não estava ali pra mamar. Será que alguém estava olhando a Maria Eduarda, será que estariam dando mamá sempre que ela sentisse fome? Certamente que não, nenhuma enfermeira no mundo jamais cuidaria da minha filha melhor do que eu. Foram os 7 piores dias da minha vida.





Um comentário:

  1. imagino !!!!!
    olha eu nunca li um blog tão maravilho quanto o seu !!!!!
    e sem contar com muita emoção eu estou aqui me desmanchando de tanto chorar.
    nossas história não é tão parecida pq ana não nasceu de meu ventre..
    imagine ela só só por ai e rejeitada ?
    mais deus amiga me escolheu e me mandou ana luz........

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