sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A DEFICIÊNCIA E A ESCOLA


Nunca tive problemas com não-aceitação, rejeição ou preconceito nas escolas pelas quais a Maria passou.
Na primeira escola onde ela estudou em São Paulo (captal) desde 1 ano e 11 meses de idade aos 2 anos e 6 meses foi recebida com muito carinho e doação total por parte de todos, desde a proprietária da escola aos pais das outras crianças. Todos se mostraram interessados em conhecer a Maria, no primeiro mês foram em peso à festinha de aniversário dela, sempre levavam alguma lembrancinha que sabiam que a Maria iria gostar, como esmalte rosa, lanterninha das princesas e até lembrancinhas de festinhas que não pudemos ir. Me surpeendí, porque confesso que eu estava muito insegura com essa questão da aceitação. Toda a equipe da escola se prontificou a ouvir os terapeutas e sempre me questionavam sobre alternativas para que ela pudesse cada vez mais participar das atividades. Desde o começo meu maior receio era que ela fosse colocada com crianças menores por ela ainda não andar e ter dificuldade de movimentos nos membros superiores. Mas pra evitar essa situação sempre pedí que ela fizesse as atividades indicadas pras crianças da idade dela. Ela amava a escolinha e era muito amada por lá também. E olha que eu estou falando de uma escola em São Paulo onde as pessoas tem fama de serem mais frias. Mas a Maria, graças a Deus, era tratada com muito carinho. Trago duas frases que me marcaram muito. Uma foi da proprietária da escolinha, ela disse assim quando soube que iríamos nos mudar pro interior: - Não acredito que vocês vão levar meu bibelô embora!?!?
Outra e mais forte e me emociona MUITO só de lembrar veio da filha da dona da escolinha, a Taísa, que aos prantos e grudada na minha filhota disse assim ao se despedir da Maria: - Parece que estou perdendo um filho!
A mesma Taísa que me entregava a Maria todas as tardes de banho tomado, muito cheirosa e a cada dia com um penteado mais lindo!
Tinha também a tia Dani que sempre vinha com ideias pra estimular e incluir a Maria nas atividades. A tia Nayara por quem a Maria se derretia e se esforçava tanto pra falar o nome dela e a sua mãe, a tia Penha sempre tão amorosa com a Maria.
Essa é uma instituição e são pessoas que eu vou carregar e fazer com que a Maria não se esqueça jamais!!!!
Por "N" motivos resolvemos nos mudar pro interior (Assis) e a minha maior preocupação foi a questão escolar. Em São Paulo as pessoas estão mais acostumadas com o "diferente" e agem com mais naturalidade. Visitei 4 escolinhas com o , sempre levando a Maria conosco e em uma delas fomos recebidos pela dona da escolinha, que percebendo a deficiência da Maria começou a colocar vários obstáculos pra matrícula dela. Até que encontramos "a escola". Muito bonitinha, todas as "tias" são pedagogas formadas. Antes da matrícula fomos gentilmente recebidos pela proprietária e a professora da salinha em que a Maria iria estudar. Explicamos toda situação, como lidar com as limitações, como estimular, etc. E deixamos muito claro que não queríamos tratamento especial pra Maria, queríamos que ela fosse bem tratada como os outros alunos, nem mais nem menos!!! A dona da escolinha me prguntou se tinha que comprar algum material especial pra Maria e eu respondi que precisava ter nada especial, pois NÃO ESPERO QUE O MUNDO SE ADAPTE À MARIA, MAS QUE A MARIA EDUARDA SE ADAPTE AO MUNDO!
Adoraria que o mundo estivesse preparado pra receber a minha filha e que as coisas fossem mais fáceis pra ela, mas tenho plena consciência que isso é utopia e que as coisas serão mais difíceis na vida dela do que na vida de pessoas sem limitações físicas. Tudo bem, a Maria no alto dos seus 2,9anos me ensinou que isso não é impecílio pra ela fazer as coisas do jeitinho dela e no tempo dela... e faz cada coisa que até Deus duvida!!!(RS!)

Estava tudo indo bem nessa nova escolinha, ela amou tudo. Até que na segunda semana eu resolvi acompanhar a manhã de atividades pelo site da escola e vi todas as crianças com um monte de pecinhas e a Maria sem nenhuma e depois vi cada criança com um caderno pintando e a Maria só olhando. Me acabei de chorar!!!! Decidi esperar e acompanhar mais uns dias pra ter certeza de que não faria nada de cabeça quente e nenhum julgamento precipitado. Mas o Rodrigo na manhã seguinte acordou bem cedo e quando dei falta, ele já estava sentado na sala do dono da escola perguntando se estava faltando algum material, se tinha alguma lista que não compramos ou o que deixamos de providenciar pra Maria não participar das atividades como os outros alunos. Ele disse que não faltava nada e então o descarregou tudo o que tínhamos visto e repetiu que não esperávamos um tratamento especial ou melhor pra Maria, mas que também não admitiríamos tratamento inferior. O diretor prontamente mandou chamar a professora e colocou na frente do pra que ela explicasse aos dois o porquê da Maria ter sido excluída das atividades. Ela disse que a Maria precisava de um caderno de desenho e giz de cera. Quando o chegou em casa e me contou tudo, fui imediatamente providenciar o que "estava faltando" e levei na escolinha na mesma manhã.
Não sei se simplesmente faltava algum material ou se essa foi uma maneira da professora justificar o despreparo dela em lidar com uma criança como a Maria, afinal a minha filha sempre foi muito bem tratada e recebida de braços abertos por todos nessa escolinha. É claro que ela não vai pegar um monte de peças de Lego e montar o castelo de Greyscow, mas ela vai explorar, encaixar algumas, outras não vai conseguir. Em casa nós desenhamos bastante juntas e com certeza na escola não vai ser diferente. TEM QUE TER OPORTUNIDADE DE TENTAR!
Meu objetivo não neste momento não é que ela aprenda a desenhar uma flor, mas que ela tome conhecimento da própria anatomia, que conheça a sua mãozinha e que encontre a melhor maneira pra amanhã ou depois conseguir desenhar uma flor, um coração ou o avião que ela tanto gosta.

Meu objetivo de ter colocado a Maria na escolinha desde cedo não é simplesmente pra que ela aprenda a contar, reconhecer cores, formas, pintar, escrever montar e desenhar, mas sim pra que ela entre desde cedo em contato com o mundo e que entenda e aceite as diferenças com naturalidade.
Não vou privar a minha filha jamais do contato com a vida lá fora e vou sempre estar aqui pra mostrar que a vida dela vai muitíssimo além da deficiência e que esta nunca vai ser obstáculo pra que ela explore tudo de bom que o mundo tem a oferecer e que também não posso protegê-la de todas as coisas ruins da vida, mas to "muito aqui" pra ensiná-la a se defender.
Sei que ela sempre vai ser alvo de olhares na escola ou em qualquer outro lugar. Mas e e daí? Quem virar os olhos pra fitar a deficiência da Maria também vai fatalmente notar o quanto ela é linda, tem um rostinho angelical, um sorriso sapeca, se olharem muito de perto é capaz até de notarem o quanto é perfumada e se ainda assim não conseguirem desviar o olhar certamente vão perceber o quanto é inteligente, doce, amorosa e educada. Que olhem então na escola na rua, restaurante, parque. Me orgulho de cada pedacinho dessa criança maravilhosa que Deus me deu!

Não podemos ter receio de mostrar a vida aos nossos filhos, eles têm que estudar e nós temos que encontrar maneiras de facilitar a vida escolar. Hoje existem vários aparelhinhos que facilitam a escrita, teclados de computador adaptados, etc.
A nossa função como pais de crianças com necessidades especiais é participar ativamente da vida escolar dos nossos filhos e auxiliar no que estiver ao nosso alcance pra facilitar o trabalho dos professores. Muitas vezes temos que controlar o instinto de superproteção e conversar ponderadamente com os responsáveis pela escola. Afinal, se queremos que nossos filhos sejam tratados com carinho, temos que saber conversar com os docentes com o mesmo carinho que desejamos receber. To errada?
Nem nós pais estávamos preparados pra receber um filho com deficiência e, no entanto aprendemos a lidar com todas os obstáculos impostos pelas limitações. Imaginem os professores que nunca haviam entrado em contato com crianças deficientes!?
Temos que aprender a avaliar as situações sob duas óticas completamente diferentes. A dos pais que esperam o melhor e dos professores que muitas vezes não sabem qual o melhor caminho pra estimular essas crianças. Ajudando a escola na compreensão desse universo em que vivemos com nossos filhos e buscando auxílio da escola certamente conseguiremos alcançar o onbjetivo principal que é preparar nossos filhos para serem profissionais capacitados e serem humanos fortes.
Isso tudo são constatações leigas, muito pessoais advindas da minha pouca experiência como mãe de uma criança em idade escolar, mas que eu acho importante dividir.

4 comentários:

  1. Parabéns pelo blog e pela filha linda! =]

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  2. Linda! Parabéns a família toda...!!!

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  3. oi querida não sei se esse blog ainda está ativo mas estou passando por um caso tipo semelhante ao seu e gostaria muito de entrar em contato com vc se caso vc tiver facebook,telefone orkut algo assim por favor vc vai me ajudar muito estou com minha bebê de 1 ano e 4 meses ela ainda não anda os médicos estão com suspeits de artogripose nas pernas e gostaria muito de entender sobre essa questão sua é filha é linda uma guerreira e a minha também está sendo um beijo grande Cristiane Santos

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